Se você é pai ou mãe, provavelmente já viveu isso: são seis da tarde, você está exausto, seu filho parece um furacão e você não entende por que aquele momento é tão difícil todos os dias. Essa é a “hora mais perigosa do dia para o comportamento do seu filho” – e talvez você nem perceba o quanto isso está drenando sua energia emocional e mental.
Neste artigo, vamos explorar com profundidade esse momento crítico do dia, por que ele acontece, quais erros mais comuns os pais cometem e, o mais importante, como você pode lidar com sabedoria para proteger seu bem-estar e o da sua família.
Por que algumas crianças se comportam pior no fim do dia?
A palavra-chave aqui é previsível: geralmente, essa hora acontece entre o final da tarde e o início da noite. Pode variar entre 17h e 20h, dependendo da rotina da família. Mas o padrão costuma ser o mesmo: é quando a criança está cansada, com fome, superestimulada ou emocionalmente carregada pelo dia.
Esse momento, chamado por especialistas de “hora do caos” ou “arsenal emocional”, é um pico de vulnerabilidade comportamental. Não é à toa que as birras, as crises de choro, os desafios à autoridade e a recusa em obedecer ocorrem nesse período.
Por que essa hora pode estar te destruindo emocionalmente
O problema não está apenas na criança. Está em você também. Sim, pai e mãe chegam nesse horário com o tanque de paciência quase vazio. Após um dia de trabalho, responsabilidades domésticas, pressões emocionais e decisões constantes, qualquer desafio vindo da criança parece uma montanha.
A soma do cansaço dos pais + desregulação emocional da criança = receita para explosões, brigas, castigos excessivos ou permissividade por esgotamento.
Muitos pais dizem: “eu só queria um momento de paz” ou “eu não tenho mais forças”. Isso gera culpa, raiva e sentimentos de incompetência. O desgaste emocional não é apenas momentâneo, ele se acumula e afeta a saúde mental familiar.
Os principais erros cometidos nesse horário crítico
Ceder para evitar conflito
- “Tudo bem, só hoje você pode ficar mais no celular.”
- Resultado: a criança aprende que basta insistir para conseguir.
Tentar controlar pelo grito ou ameaça
- “Se você não obedecer agora, vai ficar sem brincar o mês inteiro!”
- Resultado: medo e não respeito, sem promover autorregulação.
Falta de previsibilidade na rotina
- A criança não sabe o que vai acontecer, o que gera insegurança e resistência.
Expectativas irreais
- Esperar que a criança esteja calma e colaborativa quando está esgotada fisicamente.
5 Passos práticos para resolver com sabedoria
1. Crie uma rotina previsível e segura
Crianças precisam de estrutura. Sabem que depois da escola tem banho, depois janta, depois tempo de descanso e cama. Essa previsibilidade reduz conflitos e aumenta a segurança emocional.
2. Antecipe transições
“Filho, em 10 minutos vamos guardar os brinquedos para tomar banho.” Dar aviso com antecedência ajuda o cérebro da criança a se preparar.
3. Invista em conexão
Mesmo que você esteja cansado, 20 minutos de presença plena com seu filho – sem celular, sem multitarefas – podem transformar o clima da casa. O comportamento melhora quando a criança se sente vista.
4. Mantenha a firmeza gentil
Dizer “não” com amor é essencial. “Eu entendo que você queira brincar mais, mas agora é hora do jantar. Depois podemos continuar.” Isso ensina limites com empatia.
5. Cuide de você também
Um dos maiores segredos da parentalidade equilibrada é a autorregulação do adulto. Cuidar da sua saúde emocional é cuidar do seu filho.
O que diz a psicologia sobre os picos de desregulação infantil
Segundo a psicologia do desenvolvimento infantil, o cérebro das crianças ainda está em formação e é altamente reativo. Elas têm menos recursos para lidar com frustrações, transições e limites. É normal que o final do dia seja mais difícil, pois o cérebro já está sobrecarregado.
É nesse momento que as crianças mais precisam de um adulto regulado, presente e consistente. Birras não são apenas comportamentos-problema, mas expressões de cansaço e desorganização emocional.
Como ajustar a rotina da família para evitar crises
Um ambiente previsível e estruturado reduz 80% das crises. Veja um modelo básico de rotina para o fim da tarde:
- 17h30: Chegada da escola / lanche leve
- 18h: Tempo de brincadeira tranquila
- 18h30: Banho
- 19h: Jantar
- 19h30: Leitura, arte ou música calma
- 20h: Hora de dormir
Claro, isso varia conforme a família, mas o princípio é manter uma sequência repetida que ajude o corpo e a mente da criança a entender que está chegando a hora de desacelerar.
Ferramentas e frases para usar na hora crítica
- “Eu vejo que você está cansado, vamos respirar juntos?”
- “Você quer ajuda para guardar os brinquedos ou quer fazer sozinho?”
- “Entendo que é difícil parar de brincar, mas agora é hora do jantar.”
- “Vamos fazer um combinado para amanhã?”
Use perguntas que empoderam, validam e ao mesmo tempo mantêm o limite.
Como manter sua sanidade como pai ou mãe
A hora mais perigosa do dia também pode ser a mais reveladora. Ela te mostra onde está o desequilíbrio, onde você precisa ajustar expectativas ou buscar apoio. Algumas ideias:
- Estabeleça rituais de autocuidado
- Revezamento com o parceiro, se possível
- Reduza multitarefas no fim do dia
- Pratique respiração consciente antes de interagir
Conclusão
A hora mais perigosa do dia não é um campo de batalha, mas uma oportunidade de ensinar emoções, limites e empatia. Quando você muda a forma de enxergar esse momento, tudo muda.
Seu filho não precisa de um adulto perfeito. Precisa de um adulto presente, coerente e disposto a crescer junto.
Agora quero saber de você:
- Qual é o momento mais difícil na sua rotina com seu filho?
- O que você costuma fazer quando as birras começam no fim do dia?
📌 Deixe sua experiência nos comentários abaixo e compartilhe com outros pais que estão vivendo o mesmo desafio. Gratidão!
